Ser emo é uma forma de rebelião diante do mundo

Eles são adolescentes entre 10 e 15 anos de idade, geralmente estudantes do ensino médio. Vestem-se de preto, com calças "magras", usam camisas justas, tênis de botas e enfatizam suas olheiras com lápis preto. Ele cortar o rosto e os braços, para depois cobrir suas cicatrizes com o cabelo e várias pulseiras. Eles dizem que é uma maneira de rebeldia antes de seus pais ou antes do mundo. Eles são os "emos" e mantêm uma conexão próxima com a depressão.

Andrés Alcántara Camacho, pesquisador da Faculdade de Psicologia (FP) da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e um dos poucos especialistas no assunto no país, ressalta que o termo vem de movimentos musicais hardcore e punk dos anos oitenta, no século passado.

Os jovens copiaram toda a sua estética, mas para as letras das músicas acrescentaram mensagens sentimentais e tendências sombrias e suicidas, daí o nome "emo" de emotivo.

À primeira vista, seu gênero não é distinto, já que homens e mulheres estão vestidos da mesma maneira, além de serem extremamente magros. O mais grave, diz o especialista, é que esse movimento arrasta jovens depressivos que, ao entrar no grupo, encontram fatores que promovem a tristeza para exacerbar seus conflitos e encerrar suas vidas.

Dado que é um fenômeno recente, não se sabe quantos "emos" cometeram suicídio no México.

Outro fator de risco é a busca pela androginia que faz sexo em idade precoce, bem como gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, porque, quando procuram a morte, não tomam precauções, argumenta o especialista da UNAM.

 

Automutilação

O rosto e os braços são cortados com navalhas ou cortadores, ou eles são rasgados com as unhas, para depois cobrir suas cicatrizes.

Esta prática não é nova, aponta Dr. Benjamín Domínguez Trejo, um acadêmico da mesma faculdade, está relacionado com a capacidade de gerar dor sem senti-lo (como acontece com pessoas que sofrem de siringomielia, devido a uma lesão na medula espinhal) e no caso dos emos, eles até gostam disso.

Outro fenômeno associado é a analgesia do estresse sofrida por, por exemplo, atletas ou toureiros, que apesar de viverem situações de perigo, querem continuar enfrentando-o. Isso pode explicar por que aqueles que são emos se machucam, porque talvez não sintam dor e, dessa forma, sublimam as emoções.

Muitos os catalogam como uma tribo urbana, como punks, darketos, skatos ou outros, mas para Héctor Castillo Berthier, do Instituto de Pesquisas Sociais (IIS) da UNAM e especialista em grupos urbanos, eles não preenchem as características necessárias para serem e somente qualifica-os como moda.